----- Deste amor que se
assemelha à esquadria, pretendo eternamente fazer-nos em em verdades, às quais
guardo-te como no alto dessa montanha, intacta aos falsários que pudendo te
quiseram, mas, só eu a tenho – disse em tom de trem ameno.
Elias fora chagásico, em uma época
singular, na qual alimentavam-se olhares e sofria o coração. Alto, de
expandidas medidas e sentimento puro – deixava-se transparecer ainda mais agora
em pico –, cujo faz pospor até o momento. Olhos de carvão refletindo o serviço que
se propôs a realizar com grande carinho – se fora desse quadro quase
condicional não sabia Elias caber em que quer que seja diferente –, duas
jabuticabas a avistar Benícia na turbulência de um dia setembrino, em meio a
bocas remoendo almoço comemorativo quando soube precatar e os pães serviram-lhe
de pretexto ao futuro: história em que encontrava-se agora em tamanha altitude.
Não desdenhava a presente ideia de manter-se ali e assim por muito. Cabelos
pretos e corpo forte lembravam um antigo filme que certa vez vira a moça. A
pele colorida pelo sol fazia de Elias o mais desejado inconfesso. Com dissabor
às estripulias de mulher, jamais retrucara qualquer olhar a alguma figura
feminina que não fosse Benícia – ainda no passado de algo que esteja a ser
tratado agora. Impossível era ter erro, inacreditável, diziam, não fosse
perfeito.
----- Só a ti, serei e estarei
eternamente – desenhando verbalmente o que não é preciso citar. Há seis meses
experimentava a mais intensa e sublime sensação que passara por sua mente nem
em sonho ou nos, atualmente, longos dias de carvoeiro.
Sobre a mesa postada a flor do dia,
havia Elias em casa chegado. Fitava Benícia como se primeira vez fosse,
maravilhando-se igualmente o exímio apaixonado. Do que não se podia compendiar,
expressava-se, Elias, das mais variadas formas não planejadas, mostrando aos
campos longínquos ou lençóis e travesseiros que, sobretudo, era ela sua
inalterável inspiração. De simples passividade, grande e útil, a compassividade
do ser de mãos vistosas com dedos grossos vinha sempre a crescer, tendo em tudo
isso seu combustível que mesmo as fumaças libertas viravam flores por Elias.
Drapejava as roupas ali, quase em êxtase novamente estava em companhia dela.
----- Posso dizer-me em langor, certa
de que nunca cessarás me surpreender. Em tão alto momento, aqui e fora, mal sei
murmurar que me sinto tão feliz e nem se aproxima isso a quando estou na
botoeira que tanto me afeiçoa. Amo-te, Elias, do mais simétrico amor, o mesmo
descrito por palavras suas em momento anterior.
Pois, sem ensaio, bem
conseguia condensar-se com o que vinha de Elias. Suas louras madeixas
esvoaçavam-se aos movimentos que o vento dançava. Em frente ao homem,
enlaçava-se apoiando a cabeça em seu ombro, seus olhos insinuavam conspiração
em fazer combinar com os dele.
----- Somos a
planta nascida da matéria destinada a ser cinza, dizia ela, tecendo entre eles
o princípio de fazer-se um palavrão dito qualquer que não beirasse carinho
espontâneo e vivo entre eles. Dona de casa, fazia o melhor esperando com
agulha, linho e outros o momento de Benício estar em casa. O olhar lançado há
meio ano fora unitivo. Era rosada, contrariando os olhos e aparentando o corpo
e tudo além ser tramado para o resultado que naturalmente era. O
Quarto-de-milha à espera fazia mensão de contagiar-se com o que via, imaginava
a moça. Fosse o bicho um coleante, ao invés de tirá-los ao paraíso viria a
participar dele, integrar-se à beleza do saudoso par.
Seus dias na vila eram assim, nada havia
de mais completo. Em harmonia e bondade, Benícia e Elias subiam além. O grisu
exalado antes do banho por Elias dissipava-se sob a água quente e na inocência
vinha Benícia, compartilhando cada gesto e fazendo desse simples ato um
espetáculo musical.
----- Logo adiante me vejo em esbórnia
de corpo todo se tocado por você qualquer tempo a mais, decorria-se Elias ao que
nada recordava um discurseiro. Utilizar-se de amáveis dizeres envoltava-a em
lindo manto amoroso.
A jovialidade de ambos elaborada com
suas vivacidades não se estragou mesmo sendo dada a resposta de quem
cuidadosamente analisou e havia aprendido para tal. Nada empírico, sem estudo
de ciência. Todavia, com sabedoria de gerações, o tão estimado médico de
formação tão autossuficiente lançou as palavras silenciadas na memória de
Benícia.
----- Digo hoje tal e qual, com total desprendimento: amo-te, Elias, e com
você estarei o restante de meu viver.
Apresentava-se em
segredo, composta de amor e zelo, a alma amante em pura mocidade, com
incertezas do posterior, mas acalmada pelo amor recebido, carregando a terrível
enfermidade percebida.
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