Houve um dia em que, depois do seu café
da manhã configurado por pão, mortadela e café coado, Rosária
teve uma ideia que lhe pareceu sumariamente genial: espalhar livros
ao longo da Rua das Camélias, em que ela morava, para que anualmente
passassem a comemorar o dia da leitura ali. Um único dia de leitura
e regozijo queria ela, embora não fosse dada à leitura. “Que
ridículo, Rosária!”, disseram. “A mulher pirou de vez!”, e
ainda “Ela que vá caçar o que fazer, preguiçosa!” Rosária
Mercedes não se preocupou, à tarde foi que pensou consigo que uma
relação que a deixou deveras confortada: uma ideia nova era como um
lago desconhecido: ninguém se jogava logo de cara, entrava-se aos
poucos, deixando a água visitar o corpo, instalar-se, até que todos
estavam totalmente encharcados com a água do novo lago. O medo do
não convencional amedrontava quase o total da população – o é
desde sempre. Sabia que assim também seria com sua ideia: soaria
receoso, mas aos poucos poder-se-ia instalar o contexto de leitura
que Rosária queria. Todavia demoraria e logo não repercutiu, mas
Rosária Mercedes não tinha pressa nem desdém; foi descascar uma
laranja.
E então me identifiquei com Rosária,esse gosto pelo nao convencial para mudar e tentar fazer a vida valer mais a pena!
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